terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Ir ao Inferno e Voltar

Primeiro foi o espaço. Aquela ermida despojada a receber a luz por um vitral. E um altar muito branco sobre o qual estava pousada uma imagem da Virgem Negra. Depois foi a história, em Guadalupe, sobre a viagem de uma imagem que deveria ser protegida contra o perigo da profanação. E a lenda, que acompanha a imagem: singela e poderosa.
Estas foram as fontes de inspiração de que os actores henrique Prudêncio e Catarina Silva se socorreram para criarem a sua história na ermida de Guadalupe na localidade de Raposeira, em Vila do Bispo.
O espectáculo conta uma história de amor. E como todas as histórias de amor, por vezes uma das metades vai até ao fundo do inferno procurar a outra metade para a salvar. Esta é a história de Alice e Leonardo, dois jovens actores que percorrem os labirintos da loucura, salvos pelo exemplo da Virgem de Guadalupe: despojada e simples.
Alice é uma jovem actriz que vive s suas personagens intensamente. Tão intensamente que perde o domínio de si própria, deixando as personagens invadirem a sua pessoa. Leonardo é o jovem actor que a acompanha e, descenddo aos infernos, a tenta trazer de volta à realidade.
Este espectáculo é uma odisseia pela fuga que Alice faz através das heroínas trágicas que interpretou. Mas é sobretudo uma homenagem à tenacidade de um jovem apaixonado que segue a sua jovem esposa pelos labirintos da loucura, mergulhando com ela na Antígona, em Cassandra, em Ofélia, para a libertar, entregando-a a si própria: Alice deste lado da realidade.
No final, o presente pela salvação, é o despojamento dos elementos de ligação às personagens, oferecendo à Virgem negra uma dança de euforia e libertação.

Obrigada ao Henrique e à Catarina por terem sido os elementos alquímicos desta poção que se tornou mágica em Guadalupe. E continuou Mágica no Museu Municipal de Faro.

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