Primeiro foi o espaço. Aquela ermida despojada a receber a
luz por um vitral. E um altar muito branco sobre o qual estava pousada uma
imagem da Virgem Negra. Depois foi a história, em Guadalupe, sobre a viagem de
uma imagem que deveria ser protegida contra o perigo da profanação. E a lenda,
que acompanha a imagem: singela e poderosa.
Estas foram as fontes de inspiração de que os actores
henrique Prudêncio e Catarina Silva se socorreram para criarem a sua história
na ermida de Guadalupe na localidade de Raposeira, em Vila do Bispo.
O espectáculo conta uma história de amor. E como todas as
histórias de amor, por vezes uma das metades vai até ao fundo do inferno
procurar a outra metade para a salvar. Esta é a história de Alice e Leonardo,
dois jovens actores que percorrem os labirintos da loucura, salvos pelo exemplo
da Virgem de Guadalupe: despojada e simples.
Alice é uma jovem actriz que vive s suas personagens
intensamente. Tão intensamente que perde o domínio de si própria, deixando as
personagens invadirem a sua pessoa. Leonardo é o jovem actor que a acompanha e,
descenddo aos infernos, a tenta trazer de volta à realidade.
Este espectáculo é uma odisseia pela fuga que Alice faz
através das heroínas trágicas que interpretou. Mas é sobretudo uma homenagem à
tenacidade de um jovem apaixonado que segue a sua jovem esposa pelos labirintos
da loucura, mergulhando com ela na Antígona, em Cassandra, em Ofélia, para a
libertar, entregando-a a si própria: Alice deste lado da realidade.
No final, o presente pela salvação, é o despojamento dos
elementos de ligação às personagens, oferecendo à Virgem negra uma dança de
euforia e libertação.
Obrigada ao Henrique e à Catarina por terem sido os
elementos alquímicos desta poção que se tornou mágica em Guadalupe. E continuou Mágica no Museu Municipal de Faro.
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