terça-feira, 1 de novembro de 2022

Aldeia Velha no Museu Regional

 


Foi no dia 28de novembro que o elenco da peça Aldeia Velha contracenou com as figuras que povoam o Museu Regional do Algarve.

As casas tradicionais de Olhão voltaram a ser habitadas por gente de carne e osso, com as suas esperanças, angústias, medos e sonhos.

Ana Oliveira, Ana Isabel Baptista, Bruno Alexandre, Catarina Silva, Joana Coelho, Tatiana Cabral e Vasco Coelho foram os actores que deram vida ao texto de António Gambóias nesta Aldeia Velha que acaba com uma mensagem de esperança.

Má raça e o ti Jaquim da venda
Na venda, o Má Raça vangloria-se das suas façanhas ao taberneiro Ti Jaquim

Ti Arminda prepara-se para mais um dia na sua longa vida.


                                                  
Há zanga na venda. Ti Jaquim quer comprar uma "télévisão" mas a D. Rosa, revoltada com o facto das mulheres não poderem entrar na venda, não pode concordar.




As mulheres da aldeia lembram as histórias que ficaram na memória

A Glorinha, mulher sábia e experiente, aconselha Julinha a deixar-se deslumbrar pelo doce coração do Má Raça

A despedida.
Má Raça tem de fugir do país e Julinha promete esperar por ele.
Voltará? Não voltará?

O coro da aldeia despede-se da Ti Arminda, a sua memória coletiva







domingo, 23 de outubro de 2022

A importância do Largo

 

   

O Largo com os jacaradás floridos

   "por esta altura, na primavera, os Jacarandás floriam viçosos e eram

 parte de todos os acontecimentos importantes. 

  Até dava gosto aperaltarmo-nos para vir passear ao largo que 

 fervilhava de vida! Lembro-me bem de ser à sombra dos Jacarandás 

 que os saltimbancos e os palhaços faziam as suas habilidades, e que 

 eu e os outros moços os tentávamos imitar.

  Era também aqui que fazíamos os nossos primeiros jogos a medir forças. 

  Experimentávamos assim as primeiras valentias e marcávamos posições

mas nesse tempo sabia-se de tudo aqui no   Largo...era aqui que 

 primeiro chegavam as notícias desse mundo! e também, à falta de 

 notícias, era aqui que se inventava alguma coisa que se parecesse

 com a verdade, e com o passar do tempo essa coisa inventada vinha a ser

 a verdade! 

  Aquilo que vinha do Largo tinha a força da verdade. 

  Era assim, o Largo era o centro do mundo.

  Para nós homens é que o Largo era o começo do mundo. Quem lá 

 dominasse, dominava o mundo, e nós moços, sonhávamos com o dia 

  em que seríamos aceites no Largo, no meio dos homens 

 sabedores que instruíam a Aldeia, dos contadores de histórias 

 fantásticas e até dos mestres-ferreiros, dos camponeses e donos do 

 comércio. Era aqui que aprendíamos o que era a vida e como se 

 chegava a homem de respeito."

                                   António Gambóias 


Aldeia Velha - A escrita de um texto

 

É sempre desafiante a escrita de um texto para teatro a partir de memórias vividas na primeira pessoa, que lhe confere um espírito neorrealista. Para o autor, o professor de teatro e ator António Gambóias “o teatro não pode deixar de ser uma arte interventiva! Com a escrita de Aldeia Velha quis problematizar nos dias de hoje, numa região envelhecida e empobrecida, temas que afinal são de sempre e nos confrontam com a clássica pergunta: não estaremos em presença de um mundo vivo de gente já morta?”

     António Gambóias

Aldeia Velha

 Um eco que ressoa de memórias entranhadas no pó das Aldeias.

Uma memória distante da companhia dos rádios, das conversas no Largos, da gente sã do campo.

Uma reconstrução com o olhar virado para o futuro!






sábado, 22 de outubro de 2022

Alunas do Agrupamento Pinheiro e Rosa participaram no programa DiVaM

 Beatriz Barroso, Constança Ferreira, Luna Ruivo e Maria Resende foram as quatro alunas do Agrupamento de escolas Pinheiro e Rosa que conduziram o público num labirinto de Vozes sem Fronteiras. Começaram numa evocação à voz feminina que se liberta da sua condição de escrava submissa.  

Conduziram o público até um templo de harmonia, onde atuou o coral Outras Vozes.


 Prosseguiram para um momento de assunção do Corpo e da Palavra com Catarina Silva, 



e de ironia com o poema À espera dos Bárbaros, dito por António Gambóias.



Convidaram o público a Viver Apenas, recordando que o tempo é efémero.







Este espetáculo, apresentado no dia 15 de outubro nas ruínas de Milreu, teve o apoio da Direção Regional da Cultura do Algarve.


Sou uma mulher, nem mais, nem menos


   Nem menos, nem mais



Sou uma mulher. Nem mais, nem menos.
Vivo a minha vida como ela é
fio a fio
e fio a minha lã para vesti-la, não
para acabar a história de Homero ou o seu Sol
e vejo o que vejo
tal como é, na sua aparência.
e no entanto fixo o olhar uma
e outra vez na sua sombra
para sentir o pulso da perda,
e escrevo um amanhã
sobre as folhas de um ontem: não há voz
apenas o eco.
Gosto da ambiguidade necessária nas
palavras daquele que viaja de noite em direcção ao que já
se foi
da ave sobre as colinas das palavras
sobre as açoteias das aldeias.
Sou uma mulher, nem menos, nem mais.

Faz-me voar a flor de amendoeira,
no mês de Março, da minha varanda,

saudosa de um dizer distante:
– Toca-me, para que eu leve os meus cavalos à água das
nascentes.
Choro sem razão aparente, e amo-te
a ti como és, sem obrigação
sem ser em vão.
e dos meus ombros levanta-se o dia sobre ti
e quando te abraça desce uma noite sobre ti
e eu não sou isto nem aquilo
não, não sou Sol nem Lua
sou uma mulher, nem mais, nem menos.

É que eu
eu gosto de ser amada como sou
não uma imagem
colorida no jornal, ou uma ideia
entoada no poema entre os cervos...
(...)
Eu sou quem sou, como
tu és quem és: moras em mim
e eu moro em ti sobre ti para ti
amo a claridade necessária no nosso mistério partilhado
sou tua quando transbordo da noite
mas não sou uma terra

não sou uma viagem
sou uma mulher, nem mais, nem menos.

Cansa-me
o ciclo da Lua mulher
adoece a minha guitarra
corda
a corda
sou uma mulher,
nada menos
nada mais!

Mahmûd Darwîsh, O leito de uma estranha

Catarina Silva

 

Vozes sem Fronteiras



 As vozes sem fronteiras surgem da rudeza das pedras e da profundeza das águas. São vozes que desafiam as ampulhetas artificiais e se impõem à contemporaneidade. Com as alunas do Agrupamento de escolas Pinheiro e Rosa, o coral outras vozes e os atores Catarina Silva e António Gambóias.

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Aldeia Velha

 Ensaios...

Recuperar as memórias das aldeias
Recriar as aldeias a partir das suas memórias
O taberneiro

A menina Julinha e a D. Rosa

O Má Raça e a menina Julinha

Ti Jaquim da venda


Prémio Ramos Rosa 2021 - Manuel Alegre

 O privilégio de dizer a poesia de Manuel Alegre, vencedor do prémio Ramos Rosa 2021




As rosas estão mais tristes nos jardins do Mundo

 

As rosas estão mais tristes nos jardins do Mundo

há uma pétala a sangrar em cada rosa

na própria palavra rosa há uma sílaba ferida.

As certezas partiram-se. Não sei que silêncio

fechou as bocas que falavam junto aos rios.

Manuel Alegre


Homenagem a S. Tomás de Aquino na Sé Catedral de Faro

 No dia da Cidade de Faro, 7 de setembro de 2021, houve uma homenagem a S. Tomás de Aquino, padroeiro da Cidade.

O coral Cantate Domino interpretou dois temas musicais do património litúrgico, assinadas por Tomás de Aquino, junto ao seu retrato na Sé de Faro. Seguidamente o padre António de Freitas fez uma profunda reflexão sobre a vida a a obra deste doutor da Igreja.



Dia da Cidade - 2021 Segredos de Aquino

 

Conta-se que o povo de Faro  pediu a São Tomás de Aquino para não deixar entrar a peste na cidade. Depois de muito orarem, São Tomás de Aquino fez o milagre: a peste não entrou nas portas da cidade. Em retribuição do milagre, Dom Francisco Gomes de Avelar, antigo bispo de Faro, encomendou uma imagem do Santo a Itália país conhecido pelos seus belos mármores, para ser colocada no nicho no Arco da Vila. Quando a imagem chegou a Faro vários homens a tentaram içar mas sem sucesso. Seguiram-se, dias, semanas e meses, e não havia ninguém que conseguisse içar a imagem até ao nicho. Falava-se até numa “birra”  do Santo. Foi então, que o bispo se deslocou ao local, e disse um segredo à imagem do Santo de Aquino. Imediatamente o bloco de mármore tornou-se leve como uma pena e o Santo foi içado para o seu nicho, ficando desde então a acolher todos os que entravam na cidade.

     Qual terá sido o segredo que convenceu o Santo a assumir o seu lugar? Esta foi a resposta a que o teatro XXI tentou responder.

Joana Fernandes e Rita Brito

Maria Roque



Ana Isabel Baptista como a "maluca dos chás"

O grupo do Teatro 

António Gambóias interagindo com o público


Laurinda na ermida de Guadalupe

  Laurinda não foi à guerra é um espectáculo que, tendo a sua génese na época do Estado Novo, mantém a sua importância muito para além do âmbito do referido período. Resultou da necessidade de reescrever a História a partir das histórias de quatro mulheres paradigmáticas vividas no início da década de 70 em Portugal, no sentido de preservar a memória dessas vivências. Foi selecionado para integrar o programa DiVaM,  na ermida de Guadalupe no dia 27 de Setembro.







Laurinda não foi à guerra - Claustros da GNR

 Nas Jornadas Europeias do Património apresentámos o espectáculo Laurinda não foi à guerra no claustro do convento de Stº António dos Capuchos, cujo espaço está a cargo do comando distrital da GNR que, na noite de 27 de setembro de 2020 abriu as suas  portas à população.

Laurinda Não Foi à Guerra é uma proposta cénica, com texto e encenação de António Gambóias, que pretende revisitar a dor dos que ficaram, vendo os seus filhos, irmãos e amigos partir para uma guerra longínqua.