quarta-feira, 6 de julho de 2016

Coreografar uma carta

Meu amor,
Beatriz Andrade e Francisco
 Sonho que acordo ao teu lado. Vejo que estou nos teus braços e percebo que te pertenço. É um sentimento de pertença diferente porque quanto mais me sinto tua, mais livre me torno.


 E é tão boa essa sensação de liberdade! O sonho ganha contornos reais e sinto-me aninhar-me ainda mais naquele corpo gémeo do meu e começo, devagarinho, a desenhar com a língua o mapa das minhas emoções. Explorando poro a poro esse corpo gémeo, vou inscrevendo o nome do que sentia quando passava por cada pedaço de pele. 

Começo pela nuca, que chupo devagarinho, com uma ternura contida. Passo para os ombros, que mordisco deleitando-me naquele prazer de omoplatas masculinas. Desço pelas costas, sonhando com a vastidão das praias, com a areia onde enterro devagarinho os pés, com a imensidão dos campos floridos, passeando por elas os meus cabelos. 

Os braços foram medidos centímetro a centímetro pelas pontas dos meus dedos, ficando neles uma sensação de violeta colorida. Gentis colinas que abrem o seu desejo à vida. As pernas foram percorridas pelos meus pés, que as acariciaram com carinho, descobrindo todos os contornos sensuais que se me ofereciam.


Depois deitei-me ao teu lado, olhando-te nos olhos como se fosse a primeira vez que te via. Queria descobrir toda a surpresa do teu rosto.
Beijei-te devagarinho como se te quisesse redescobrir a face, moldando-te ao sabor da minha boca. Tu sorriste e eu quis morrer naquele instante, feliz, levando aquele sorriso para sempre.
Amo-te muito, meu amor. Tua, para sempre tua... Fico à espera… na volta do correio.




Sem comentários:

Enviar um comentário