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António Gambóias |
Sento-me num
pequeno promontório escarpado, e falo-te através deste espelho de luz líquida a
que me entrego desde sempre. Falo-te do mistério da sua cor única, do brilho
irrepetível na lenta caminhada em que se consome a chama já sem calor.
Jéssica Aguiar |
Momentos
depois, insinuar-se-á o último suspiro diurno num azul indescritível, acompanhado pela brisa que prenuncia a entrada no ciclo das trevas. E falo-te
de outra luz, do brilho intenso e doce no teu olhar, de como faz sorrir o
laranja-vermelho do entardecer. Digo-te do teu ser imenso, da ternura e desejo
com que te tornas aurora, mesmo quando se abate já o rumor da noite.
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Jéssica Aguiar |
É então que
te aproximas do pequeno promontório em que me sento amparado à solidão.
Cobre-te o lindo vestido em tons terra e laranja e, como na canção do Moustaki,
não caminhas, danças. Tocas-me levemente o meu rosto, e eu aconchego-te no meu
colo, embalo-te na música do mar infinito onde deitamos os nossos sonhos.
Beijo-te sofregamente e digo-te ao ouvido: vem, meu amor, vamos mergulhar na
réstia de luz que espera por nós, vamos abraçar o dia morno que ainda é o
nosso, e inventar novas lendas que falem de amor… Olha, olha para a luz,
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