quarta-feira, 6 de julho de 2016

Elle ne fais pas l'amour, elle aime!


António Gambóias

Sento-me num pequeno promontório escarpado, e falo-te através deste espelho de luz líquida a que me entrego desde sempre. Falo-te do mistério da sua cor única, do brilho irrepetível na lenta caminhada em que se consome a chama já sem calor. 
Jéssica Aguiar

Momentos depois, insinuar-se-á o último suspiro diurno num azul indescritível, acompanhado pela brisa que prenuncia a entrada no ciclo das trevas. E falo-te de outra luz, do brilho intenso e doce no teu olhar, de como faz sorrir o laranja-vermelho do entardecer. Digo-te do teu ser imenso, da ternura e desejo com que te tornas aurora, mesmo quando se abate já o rumor da noite.

Jéssica Aguiar

É então que te aproximas do pequeno promontório em que me sento amparado à solidão. Cobre-te o lindo vestido em tons terra e laranja e, como na canção do Moustaki, não caminhas, danças. Tocas-me levemente o meu rosto, e eu aconchego-te no meu colo, embalo-te na música do mar infinito onde deitamos os nossos sonhos. Beijo-te sofregamente e digo-te ao ouvido: vem, meu amor, vamos mergulhar na réstia de luz que espera por nós, vamos abraçar o dia morno que ainda é o nosso, e inventar novas lendas que falem de amor… Olha, olha para a luz, 

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