Paris, 13 de Agosto de 1966
Queridos Amigos:
Tenho-me lembrado muito de vós, com saudades e muito afeto,
mas tenho trabalhado bastante, além de que o calor continua deprimir-me um
pouco, ando-me a sair ainda menos. Por outro lado, receio sempre tornar-me
fatigante para a vossa gentileza ou perturbar de qualquer forma os vossos
planos de fim-de-semana, sobretudo agora em que, decerto, desejam ir para a
praia com o vosso filhinho, para quem envio um beijo de imensa ternura.
| Beatriz Interpretando a carta escrita por Maria Lamas a Clarinda Veiga-Pires |
Contudo, podem ter a certeza de que considero o vosso breve
convívio como uma das notas mais agradáveis da minha estadia em Alger, levando
gravada no meu coração a lembrança das vossas afetuosas atenções, que nunca
esquecerei.
Afinal, anteciparei um pouco o meu regresso a Paris, porque
irei pela Bélgica onde espero encontrar amigos também muito queridos, que ali
estão de passagem. E não quero partir sem vos dar um abraço. Estou a dispor o
meu itinerário de maneira a poder passar pela vossa casa na próxima 3ª ferira,
dia 16, pelas 19 horas, aproveitando para me despedir também da Fernanda
Marinha de Santos e do Marido, assim como doutros amigos que habitam no mesmo
prédio.
Pensando que talvez desejem que eu lhes leve qualquer carta
ou recado, o que farei com o maior prazer, quis preveni-los. Disponham portanto
de mim com toda franqueza. Afinal não mandaram a folha de papel selado (para um
momento, creio eu) destinada ao Porto? A minha amiga já partiu, mas eu irei
faze-la seguir, para ser posta no correio em Portugal.
Entretanto envio-lhes um abraço e a expressão gratíssima da
minha amizade.
Da tua muito amiga:
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