terça-feira, 5 de julho de 2016

Uma carta de Maria Lamas



Paris, 13 de Agosto de 1966

Queridos Amigos:
Tenho-me lembrado muito de vós, com saudades e muito afeto, mas tenho trabalhado bastante, além de que o calor continua deprimir-me um pouco, ando-me a sair ainda menos. Por outro lado, receio sempre tornar-me fatigante para a vossa gentileza ou perturbar de qualquer forma os vossos planos de fim-de-semana, sobretudo agora em que, decerto, desejam ir para a praia com o vosso filhinho, para quem envio um beijo de imensa ternura.

Beatriz Interpretando a carta escrita por Maria Lamas a Clarinda Veiga-Pires

Contudo, podem ter a certeza de que considero o vosso breve convívio como uma das notas mais agradáveis da minha estadia em Alger, levando gravada no meu coração a lembrança das vossas afetuosas atenções, que nunca esquecerei.
Afinal, anteciparei um pouco o meu regresso a Paris, porque irei pela Bélgica onde espero encontrar amigos também muito queridos, que ali estão de passagem. E não quero partir sem vos dar um abraço. Estou a dispor o meu itinerário de maneira a poder passar pela vossa casa na próxima 3ª ferira, dia 16, pelas 19 horas, aproveitando para me despedir também da Fernanda Marinha de Santos e do Marido, assim como doutros amigos que habitam no mesmo prédio.


Pensando que talvez desejem que eu lhes leve qualquer carta ou recado, o que farei com o maior prazer, quis preveni-los. Disponham portanto de mim com toda franqueza. Afinal não mandaram a folha de papel selado (para um momento, creio eu) destinada ao Porto? A minha amiga já partiu, mas eu irei faze-la seguir, para ser posta no correio em Portugal.
Entretanto envio-lhes um abraço e a expressão gratíssima da minha amizade.
Da tua muito amiga:
Maria Lamas.



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